Introdução
Tenho a tendência a ser simplista: tive minhas primeiras experiências de color-grading com Apple Color e um pdf do consagrado livro do Steve Hullfish ‘The Art and Technique of Digital Color Correction‘ e, sendo assim, ataco a maioria dos problemas com minhas primárias: matizes neutras, peles corretas e contraste balanceado.
Ajustes Primários
Ajustar matizes, para mim, significa fazer um balanço sólido considerando a luz principal: geralmente essa etapa representa um nó correção de 3-vias regulando os pretos, as altas e as médias, nessa ordem – em luminância e cor.
Depois disso, gosto já de me encaminhar para o contraste (mais um nó), com uma curva, geralmente uma S, adequada as necessidades do meu olho – gosto muito do controle que as custom curves dão.
E se estiver em log?
Tendo dito isso, a coisa muda um pouco se a imagem estiver em log – se começarmos o trabalho antes de lidar com o log vai ser mais difícil e provavelmente dificultará a continuidade. Hoje em dia todo mundo tem o seu jeito preferido de lidar com isso – eu vou mostrar um dos nossos jeitos preferidos de 2020.
Se lá na escola de cinema, quando filmávamos em DV, você me perguntasse qual é o trabalho de um colorista, eu diria ser ‘atingir o look cinematográfico’ – era o santo graal da época – minha paixão sempre foi atingir o look dos grandes filmes que eu havia visto – todos eles quase feitos com algum película ou impressos nela.
Durante anos eu aprendi e tentei coisas que me deram ótimos caminhos – ferramentas excelentes como o magic bullet looks (lembra?), LUTS e node trees complexas me ajudaram nessa caminhada habitual: emular o 35mm impresso na memória.
O método filmconvert
Entre tantos outros métodos, eu conheci o filmconvert. Em minha defesa, quero dizer que fiquei muito cético com a coisa lá no começo, mas esse plugin foi crescendo dentro do toolkit da empresa.
Primeiro, usávamos ele no final, como se imprimindo o REC.709 na película de escolha. Depois, como uma ferramenta de conversão log para linear que me dá tons de pele consagrados pela indústria.
E no longa-metragem de ficção?
2020 foi dureza – mas o ano começou otimista com o longa-metragem ‘A Mãe’ – do Cristiano Burlan.
Mãe é um filme de baixo orçamento (R$ 3Mi), feito com uma Alexa Mini – gravado em LOG/ARRIRAW com a direção de fotografia do grande André Brandão.
Produzido um pouquinho antes do começo da pandemia (eu falei sobre as dailies dele aqui) – Mãe entrou para a finalização de cor em Junho de 2020 e logo nas primeiras conversas virtuais com o fotógrafo a emulação fílmica apareceu no jogo.
Inicialmente, vou ser sincero, não queria entregar o look de um projeto desse tamanho nas mãos de um plugin, às vezes sou meio purista mas o filmconvert tinha duas coisas que me incomodavam bastante: a falta de controle fino do grão e que se a exposição da imagem não estivesse correta para os padrões da película emulada eu teria que fazer muitos ajustes antes da revelação.
No entanto, eu também sabia que eles haviam lançado uma versão superior à minha e, ao experimentar, tive as boas surpresas que desejava: o controle fino do grão e as curvas de cineon do Nitrate, o sucessor do filmconvert.
Nitrate e o cineon curves
Cineon curves é um controle que aparece quando você está usando o nitrate com uma imagem em log e uma conversão ativada (ex alexa logc to vision2) e, ao ajustá-lo no máximo o resultado é a imagem como se filmada no stock solicitado e escaneada em um scanner cineon.
E o que isso significa?
Significa que agora a curva de gamma é sua, essencialmente replicando o processo de um filme em intermediação digital na década de 90.
E ai foi assim que fizemos um tantão de coisa em cineon aqui na antiglitch.
No Mãe usamos também um pouquinho da curva de Vision 2 no final – o que ajudou a criar um look de print-to-film adequado ao propósito.
A Mãe (para mais stills clique aqui)
2020 pra gente também foi o ano da Blackmagic Pocket e do blackmagic raw e, devo dizer, essa técnica funciona muito bem com esse tipo de material:
Unicesumar (para mais stills clique aqui)
Boticário (para mais stills clique aqui)
E vindo de REC-709 com um colorspace transform (REC709-logC) se torna uma técnica válida, como nesse filme que fizemos para as eleições.
Renato Freitas (para mais stills clique aqui)
Experimenta começar com três nós:
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- Nitrate log to pelicula / cineon full on
- Primárias
- Ajuste de contraste com custom curves
Agora é só construir em cima. Depois me conta o que você achou desse técnica em suas imagens.
Em 2021 quero explorar o Dehancer, vamos ver o que eu descubro do lado de lá.
Se você chegou até aqui, convido a explorar nosso portfólio e a seguir a gente por ai.
Lucas Negrão é colorista com formação na International Colorist Academy e dono da antiglitch foundation – uma casa de pós a procura parceiros no Brasil e no mundo para viabilizar negócios.